As pálpebras do meu coração
Estremeceram de medo
E meu sono acordaram.
Sonhara o DonGole em ser rei
No quarto minguante
Da lua nova.
Perante sua pequenez
Montanhas se ergueram
E o sol fez-se pôr.
O céu desceu
Perante ele se curvou
E o terror se calou.
Feridas se abriram
Gotas se manifestaram
E veias se deliraram.
Gases de estufa
Com medo da pantufa
Pelo beco se lufaram.
A madrugada espreitou
O tempo estreitou
E o DonGole se deleitou.
Pernas enxutos
Ouvidos astutos
Olhares agudos.
Resistência em cheque
Cheque sem fundo
Para o medo cobrir.
Cobertor atrapalhado
Tralhas atordoadas
Silêncio encalhado.
O rei fez-se morto
O medo fez-se torto
E a ortografia foi-se embora.
Para trás ficou a tinta
Indelével, mas sem pinta
Porque a tela ficou para quinta.
E hoje ainda é quarta
Mas o quarto é minguante
Da nova lua.
