A dignidade humana e o respeito pelos direitos das pessoas não podem ser expressões que apenas ecoam no silêncio dos inocentes. O Art.º 1.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos refere que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir uns para com os outros com espírito de fraternidade”.
Acreditando que a Declaração não é de hipocrisia, todos nós somos, na verdade, dotados de razão e de emoção, de consciência e, também, de inconsciência, motivo pelo qual não deve haver estranhamento no comportamento humano. Contudo, é desejável e importante que o relacionamento entre as pessoas se assente na ideia da dignidade humana, da fraternidade e do respeito, na perspetiva de que estas possam assegurar, a cada cidadão, os seus plenos direitos[1]. Na base dessa ideia, o indivíduo tem (ou, supostamente, deveria ter) a dignidade e a prerrogativa de fazer as suas opções individuais, sociais, políticas, etc. e tal, de forma livre e em igualdade de circunstâncias com o seu semelhante.
Mas a realidade dos fatos tem mostrado que, do global ao local, do exterior ao interior, do topo à base, da esquerda à direita, de cabeça para baixo ou de cabeça para cima, o ser humano, de forma geral, está muito longe de se relacionar com o outro, tendo por base o respeito pelos pressupostos acima referidos. Deste modo, a relação entre os seres humanos é um processo em permanente construção, destruição e reconstrução. Infeliz e fatalmente, para várias centenas de milhares de pessoas pelo mundo, a perspetiva que se vem impondo é a do jogo de esgrima, em cujo dicionário não se consegue enxergar as palavras ‘igualdade’, ‘dignidade’ e ‘respeito’. E não se consegue enxergar, porque a elas estão sobrepostas palavras vivas como ‘egoísmo’, ‘hipocrisia’ e ‘soberba’. (…)
[1] Enquanto `seres emorracionais`, devemos procurar ter, na medida do possível e sem pretensões de afugentar o (aparentemente) impossível, a responsabilidade de manter, bem casados, os direitos e os deveres dos seres humanos.
Extrato de texto do meu livro “Gatilhos emocionais: viagens no tempo da memória”.
